Creio que o presidente da Câmara Municipal de Lisboa era Krus Abecassis quando foi aprovada a construção de um centro comercial com um dos lados colado à parede traseira da capela de Nossa Senhora da Saúde. Era o ano de 1989 e foi muito estranho ver um prédio novo colado a um edifício de 1600. Para muitos foi um abuso, mas para o Patriarcado de Lisboa parece que não foi nada. Talvez o Patriarcado tenha interesses económicos no Centro Comercial da Mouraria… tudo é possível.
Com o tempo a estranheza não diminuiu. Os turistas que durante muito tempo animaram de esperança os comerciantes da zona, eram os únicos a não estranhar. Frequentavam as esplanadas e tasquinhas da zona, três cervejas depois já não desconfiavam de nada. Alguns talvez tenham entrado na pequena capela, para saborear a frescura típica dos templos religiosos. Os que entravam para tirar fotografias ficavam desiludidos. Não é que a capela seja feia, é apenas confusa no estilo, misturaram azulejos com madeira, mais a talha dourada e as pias de pedra, o azul e o rosa das paredes, mais o vermelho dos panos e o dourado da talha, uma mistura kitch que os turistas também não estranham.
Mas talvez se tenham surpreendido com o zeloso funcionário que os impede de fotografar no interior da capela. Nem uma fotografia? O Patriarcado não deixa, até afixou um aviso na porta. Num local turístico, não se pode tirar uma foto? Ora, aqui está algo que toda a gente estranha. E se o turista insiste no seu prazer de fazer uma fotografia para mais tarde recordar, o zeloso funcionário acha que está no direito de deitar a manápula à máquina fotográfica ou ao telemóvel, o que resulta numa cena desagradável de gritaria e ameaças. Dentro de uma igreja que está de porta aberta num local turístico.
Tudo isto para dizer que só consegui tirar duas fotografias. Estas que aqui vos deixo, mesmo contra a vontade do Patriarcado.
É uma pena. Em vez de proibições, o Patriarcado podia dar explicações sobre a riquíssima História do local, as tradições religiosas que ali se enraizaram. Publicava-se o prospeto em inglês, francês e alemão e vendia-se a 5 € o exemplar. Era dinheiro a cair na caixa das esmolas.
Para fotografar à vontade, será preciso esperar pelos eventos que reúnem ali muitas centenas de pessoas e fingir que se tem interesse em fotografar os VIP que sempre por lá aparecem para, precisamente, serem fotografados ou videografados.