Basílio Horta tem feito algo semelhante. Já prometeu um hospital para Sintra uma série de vezes. Sempre em vésperas de eleições autárquicas. Agora voltou a repetir a graça e veio dizer que desta vez é que é, que a autarquia vai lançar novo concurso público e que, desta vez, o hospital, pelo menos a primeira pedra, lá mais para o verão as obras irão começar. A tempo das eleições.
Depois de várias falsas partidas e de um concurso público falhado, a autarquia sobe a parada para 50 milhões de euros, a ver se alguma construtora vem a jogo.
Em junho de 2018, a autarquia anunciava no seu próprio site que “a Câmara Municipal de Sintra vai pagar na totalidade a construção do Hospital de Proximidade de Sintra, na zona da Cavaleira, no Algueirão, num investimento da autarquia na ordem dos 30 milhões de euros, assim como a cedência de terrenos à Administração Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo, com uma área de 60 mil metros quadrados, por um período de 50 anos, renováveis. O acordo de colaboração foi assinado com o Ministério da Saúde e o Ministério das Finanças no dia 26 de junho de 2017, prevendo-se que as obras do hospital possam começar no decorrer do próximo ano, com conclusão prevista para 2021.” Mas já antes outras datas tinham sido anunciadas.
Segundo informação publicada no site do vereador da oposição Marco Almeida, a autarquia salta dos 30 milhões iniciais previstos em orçamento para os 50 milhões, depois de um parecer pedido ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) que cobrou 19.500 euros pelo papel. Não se vislumbra, neste processo, a tão propalada eficiência financeira da autarquia.
No SintraNotícias vem o eco das palavras de Basílio Horta. Lá vem o argumento do aumento de preço das matérias-primas, mais a pandemia que tem as costas largas, mas o melhor e, quiçá, mais verdadeiro argumento é o da ganância das empresas construtoras que, sabendo da tal bazuca europeia, decidiram abrir mais a boca. Nas palavras do próprio Basílio, citando o pasquim antes mencionado: “a possibilidade de recebermos a falada ‘bazuca europeia’ pode ter levado as empresas nacionais de construção a rever e subir os preços”.
Sendo assim, as casas da especialidade estão a receber apostas sobre se a primeira pedra será colocada em junho (é a nova promessa) ou se será mais chegado a outubro (mês em que decorrerão as eleições autárquicas).
Para a história fica o orçamento de um hospital que, ainda sem as obras terem tido início, já derrapou em 66% do valor inicial.