Nada fazia prever a vitória do Movimento dos Capitães. O capitão Armando Ramos e a sua coluna das Caldas da Rainha tinham sido aprisionados em 16 de Março. Um mês e pouco antes do 25 de Abril, quando se dirigiam para Lisboa, para derrubar a ditadura.
Os capitães de Abril insistiram e o capitão Salgueiro marchou sobre a Praça do Comércio, em Lisboa, onde ficavam todos os ministérios importantes.
Mas o confronto decisivo deu-se na Rua do Arsenal, a caminho do Cais do Sodré, quando apareceram os poderosos tanques M47. Tanques contra os chaimites.
Salgueiro Maia enviou o tenente Alfredo Assunção para dialogar com os representantes das forças leais ao regime ditatorial. Comandadas pelo brigadeiro Junqueiro dos Reis.
O brigadeiro recusou o diálogo e deu ordem ao cabo apontador José Alves da Costa para disparar. Mas ele não disparou. Repetiu e ele não disparou. Se o tivesse feito os estragos seriam terríveis, por causa das potentes munições dos tanques M47. Teria assim acabado a revolução e Salgueiro Maia e muitos dos seus homens morreriam de imediato na Rua do Arsenal.
A Praça do Comércio teria ficado arrasada com os tiros dos M47. E o Salgueiro Maia não seguiria para o Largo do Carmo para prender Marcelo Caetano.
Má sorte seria! Agora ainda veríamos tv a preto e branco e compraríamos fiado na mercearia. E calados que nem ratos. Sem autorização sequer para falarmos mal de nós próprios!
