Quando um polvo quer afastar algum outro animal das proximidades dá-lhe um soco. É a murro que os polvos resolvem os seus problemas com a vizinhança. Não será um comportamento recomendável, mas é isso que biólogos do Laboratório Marítimo da Guia, em Cascais, acabam de reportar sobre este comportamento curioso dos polvos.
Pelo que observaram, os cientistas acreditam que quando um polvo tem esta atitude agressiva é porque quer beneficiar um outro peixe de um cardume quando procuram de comida. Afastando um, beneficia outro, é a conclusão dos biólogos. Mas não se trata de altruísmo, porque o polvo beneficia o peixe que divide com ele o alimento que encontra.
“Ao peixe atingido é-lhe retirada uma oportunidade de presa, e pode ser enviado para zonas mais periféricas do grupo, ou mesmo ser expulso do grupo de caça. Este comportamento é totalmente novo, e ecologicamente, de acordo com a teoria de jogos, é um mecanismo de controlo do parceiro, em que numa das possibilidades o polvo poderá incorrer em custos próprios com o fim de impor custos maiores a um parceiro não cooperante”, lê-se numa nota divulgada pela Faculdade de Ciências de Lisboa.
Esta investigação sobre o comportamento dos polvos e uma aparente cooperação com outras espécies, surgiu durante um trabalho de campo sobre as interações entre polvos e peixes em caça cooperativa realizado no âmbito de um projeto financiado pela National Geographic, e envolve não só biólogos do Laboratório Marítimo da Guia como, também, investigadores do polo da Ciências Universidade de Lisboa e do Max Planck Institute of Animal Behavior da Alemanha.
O polvo sempre foi considerado um animal com uma rara habilidade comportamental e inteligência. Esta capacidade de estabelecer alianças estratégicas com outras espécies nunca antes tinha sido relatada.
Se quiser ver um vídeo com polvos a dar murros em peixes, clique aqui.
Esta investigação foi convertida em artigo científico e publicada na revista Ecology.