A propósito de queixinhas

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Depois do juiz Castro ter afirmado nos seus célebres monólogos no Facebook que há fundamentos para os agentes da PSP e militares da GNR desobedecerem às leis emanadas do Conselho de Ministros ou da Assembleia da República, o mais antigo sindicato de polícia anunciou que os polícias que fiscalizam as regras do estado de emergência se sentem “exaustos” e “maltratados”.

Quem observa com mais atenção e distanciamento a evolução comportamental dos polícias, já percebeu que perante a mesma situação há reações diferentes. Por exemplo, na recente manifestação de negacionistas, no Rossio, onde cerca de 2 mil pessoas se concentraram sem utilização de máscaras e distanciamento físico, contrariando a lei em vigor, os agentes da PSP no local confraternizaram com os manifestantes, embora tenham dito que executaram uma espécie de abordagem inicial sensibilizadora para o cumprimento da Lei. Noutras paragens, a mesma polícia não hesitou em passar multas a gente que estava no carro a comer um hambúrguer ou ia na rua a mascar gomas (e por isso não tinham a máscara colocada).

Também convém não esquecer o diferente tratamento disciplinar que existe com polícias que defendem os Direitos Humanos e outros que proferem ameaças contra cidadãos nas redes sociais.

Tudo isto pode estar relacionado. Com o assalto da extrema-direita às fileiras das organizações de polícia e segurança, com os sindicatos de polícia acobardados perante esse movimento político, as queixas da ASPP/PSP soam a alinhamento com esses movimentos antidemocráticos.

Na verdade, se a ASPP/PSP continuasse a honrar o legado do seu fundador, José Carreira, ou do veterano sindicalista Manuel Morais, não haveria lugar a esse tipo de suspeição, mas depois do atual presidente da ASPP vir dizer que percebe o Movimento Zero e até se identifica com o que esse movimento defende, qualquer reivindicação por mais justa que possa ser não afasta esse estigma.

Assim, as queixas de hoje apresentadas pela ASPP – relativas ao não pagamento de subsídios, suplementos salariais, vacinação, etc. – soam a desculpa para justificar as atitudes que irão tomar um dia destes. Logo veremos se estarão ou não alinhadas com aquilo que o juiz Castro professa.

2 COMENTÁRIOS

  1. Bom dia Carlos Narciso, não sei a que ” atitudes que irão tomar um dia destes…” se refere (confesso essa minha limitação) mas as condições difíceis em que os agentes da PSP e da GNR trabalham são bem reais e não “descupa” para coisa nenhuma e o Carlos Narciso sabe bem disso. De resto, além de polícias são cidadãos como todos nós, imperfeitos. Como simples cidadão e pela parte que me toca de imperfeição “mea culpa”. Votos de muita saúde e “força na caneta”.

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