A pandemia veio dar cabo de muitos modos de vida, de negócios, de entretenimentos onde se concentravam pessoas, muita coisa mudou. Mas as coisas sempre mudaram e os vírus não têm nada a ver com isso. Não tinham.
Hoje vamos falar de um local que desapareceu no final do ano de 2018. Não foi o vírus, foi a economia.
Quem gosta de andar de noite por Lisboa conhecia, certamente, o Café Tati. Comia-se mais ou menos, ouvia-se boa música e o ambiente era giro. Música ao vivo, jam sessions, jazz do bom. O Tati fechou portas porque o senhorio não quis renegociar o contrato de arrendamento.
Depois do boom do turismo, os proprietários de lojas e casas de habitação nos bairros históricos da cidade acharam que tinham ali a galinha dos ovos de ouro. Despejaram velhos inquilinos sem dó nem piedade, assassinaram negócios interessantes como era o caso do Café Tati, tudo porque queriam quintuplicar lucros. Só durante 2017, as rendas aumentaram 27%, segundo dados da ImoVirtual à época. Os pequenos negócios não aguentaram.
Hoje, podem enfiar as lojas devolutas e os apartamentos turísticos naquele sítio… A ganância é um vírus que também mata sem olhar a quem. A especulação imobiliária sustentada no turismo demonstrou ser um erro. Depois de terem despejado inquilinos, os proprietários hoje devem ter saudade do tempo das receitas modestas mas certinhas.
Quando o Tati fechou, a música parou. Os risos calaram-se. Podem pintar o chão das ruas de todas as cores, de pouco serve se ninguém passar por lá.