Na região de Penacova chamam-lhe “Canafrecha”, denominação aparentemente ignorada pelos académicos. Na ficha técnica do Jardim Botânico da UTAD, a planta “thapsia garganica” não tem nome popular em português e, no entanto, é uma planta comum nas serras e planície do centro e sul de Portugal. Parece pouco provável que ervanárias e curandeiros nunca lhe tenham posto um nome e o termo “Canafrecha” não parece ser descabido. A verdade é que no meio académico apenas é conhecida pelo nome científico “thapsia”. Há várias variantes da mesma espécie, aquela que importa agora é a “thapsia garganica”, a que os ingleses também chamam “cenoura mortal” (deadly carrot) por ser venenosa.
Em Inglaterra, investigadores da Universidade de Nottingham descobriram que a substância que se extrai dessa planta, a tapsigargina, é um poderoso antiviral e que funciona eficazmente contra vários vírus, entre os quais os diferentes vírus da gripe e o coronavírus que provoca a covid-19.
Esta investigação conta com parcerias da Universidade Agrícola da China e do Instituto britânico Pirbright (especializado em virologia), obteve resultados promissores em experiências realizadas em células e em animais com a tapsigargina, que se revelou eficaz contra a infeção respiratória e com resultados inibidores da reprodução do vírus nas células infetadas. Como a tapsigargina é substância estável em ph ácido pode ser tomada por via oral, evitando as injeções ou o internamento hospitalar.
É mais uma janela de esperança na luta contra a pandemia que a Natureza nos oferece. É claro que esta planta só existe em locais onde o ambiente não foi ainda irremediavelmente danificado. É giro ser uma planta dos nossos campos. Mas não passa disso. Se se confirmarem as expectativas, quem a vai cultivar é a China.