No dia em que PSP e GNR, um pouco por todo o país, autuaram centenas de pessoas por terem desrespeitado as regras do confinamento, ficámos a saber que continuam a ser descobertos comportamento ilícitos de quem abusa da influência que tem para passar à frente na fila para a vacinação anti-covid. Mas de multas a penalizar estes comportamentos, não há notícia.
O que fazer com as sobras diárias da vacinação contra o covid-19 continua a ser motivo de acesa discussão e de polémica. O último caso conhecido envolve dirigentes das estruturas autárquicas de Lisboa, a saber: um vereador, a diretora da Higiene Urbana, o comandante e o subcomandante da Polícia Municipal de Lisboa. Estas pessoas foram vacinadas com a 1ª dose, passando à frente de uma imensa lista de cidadãos mais prioritários.
A justificação apresentada é o estafado argumento de evitar que as sobras fossem parar ao lixo. Segundo um documento tornado público pelo PAN, “fonte da autarquia deu igualmente conta de que foram contactadas as autoridades de saúde para saber que destino dar às doses que sobravam e as determinações foram no sentido de “garantir o aproveitamento total das doses existentes”, vacinando em primeiro lugar “todos os profissionais da linha da frente envolvidos na operação de vacinação”. E passar depois para a vacinação dos “grupos da primeira fase de prioridade como os bombeiros e polícias”.
Ou seja, a orientação recebida não foi a que a autarquia seguiu, uma vez que nenhum dos casos referenciados são de pessoas que integram a chamada “linha da frente”, nem são profissionais de Saúde, nem são prioritários por doença ou idade. Aliás, existem milhares de pessoas e profissionais com prioridade, inclusivamente sob tutela das pessoas que passaram à frente na fila (por exemplo, os agentes da Polícia Municipal).
Na senda deste tipo de atitudes, nasce a desconfiança. O PAN anunciou, entretanto, ter submetido um requerimento à autarquia onde, entre outros quesitos, pergunta “quantas vacinas foram até ao momento administradas a funcionários e funcionárias da autarquia e com que funções na mesma?”
O requerimento deu entrada a 15 de fevereiro. Não se sabe quando terá resposta.