Igreja dos Inglesinhos vai desaparecer

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A velha igreja dos Inglesinhos foi vendida e o novo proprietário quer transformá-la em casa de habitação. Trata-se de um francês rico, segundo foi noticiado.

É verdade que é propriedade privada, mas também devia ser verdade que há património que devia ficar salvaguardado de alterações megalómanas que apenas servem para afagar egos de milionários e que acabam por destruir o que nem o passar dos séculos destruiu. O comprador terá a intenção de pedir autorização para uso residencial. Neste momento, o imóvel tem apenas licença para serviços e a alteração obrigará a transformações na estrutura interna do imóvel. Cabe à Câmara Municipal de Lisboa zelar pela defesa e proteção deste património impedindo, se for o caso, que tais transformações danifiquem irremediavelmente a qualidade patrimonial histórica do edifício.

A história da igreja remonta ao século XVII, quando, em 1632, foi fundado o Seminário Inglês, mais tarde apelidado de Convento dos Inglesinhos. Foi então construída a Igreja de São Pedro e São Paulo, mais conhecida por Igreja dos Inglesinhos, tendo a sua construção sido concluída em 1644. Sobreviveu a terramotos e às Invasões Francesas e nem a revolução republicana a abalou, mas agora está em sérios riscos de desaparecer para sempre.

A venda terá sido mediada pela Remax mas, até agora, há apenas um contrato de promessa compra e venda, a escritura ainda não terá sido realizada. O valor da venda é de 1 milhão e 500 mil euros.

O primeiro vendilhão foi a própria Igreja Católica quando dessacralizou o templo em 1976 para o colocar no mercado imobiliário. Quando falta dinheiro da caixinha das esmolas, vendem-se alguns anéis…

E com isto, o que ganha o Bairro Alto e Lisboa? Nada.

6 COMENTÁRIOS

  1. Sr. Carlos Narciso,

    A Igreja dos Inglesinhos não é nem nunca foi propriedade da Igreja Católica em Portugal, entenda-se do Patriarcado de Lisboa ou de qualquer outra entidade portuguesa, mas sim dos padres católicos ingleses formados em Portugal, aliás essa é a razão pela qual a mesma não foi extinta com as extinções gerais das ordens religiosas, quer em 1834, quer em 1911.

    O espaço foi vendido em 1976 porque deixou de se justificar a formação de padres católicos ingleses em Portugal, tendo esta constituído um fundo para financiar a formação dos mesmos nos seminários ingleses, no qual este e outro património em Portugal foi incluído.

      • Mas a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa não pertence ao Patriarcado….E a igreja está completamente “limpa” de obras de Arte, como se pode ver na fotografia.

        • A SCML é uma instituição ligada à Igreja católica. O texto do artigo não fala em Patriarcado. Mas que importância tem isso?? Importaria preservar a memória histórica que o edifício representa. Lamento se isso não for possível.

  2. A mesma igreja em si é uma obra de arte, assim que nao se diga que esta vacía como se o inmovel mesmo nao fosse a obra de MAIOR importancia. Absurdo comentario

  3. A “igreja”, que já não é igreja há tantos anos, está para ali, meio escondida, muito feia, coitada, e sem graça, completamente morta – e esta situação mantem-se durante décadas, ninguém lhe liga, ninguém lá vai… Eis que. de repente, aparece quem se interesse por ela, e a compra, e pretende dar-lhe vida… Pim! Eis que surgem logo os “amigos das coisas velhas”, a defenderem o indefensável! Deixem lá ver se aquela coisa se transforma em algo útil e, provavelmente, mais bonito!

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