SEF e uma escolha que não agrada a ninguém

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Dizem que se ouviram gritos e impropérios na Penha de França quando se soube que o SEF ia ser comandado e reestruturado por um oficial do exército antigo comandante geral da GNR.

A nomeação do tenente-general Botelho Miguel deve ter sido um balde de água gelada para o superintendente-chefe Magina da Silva, o comandante geral da PSP que andou meses a discutir com o MAI a reestruturação do SEF e a criação de um novo corpo policial que abarcasse as competências conjuntas da PSP e do SEF.

Alguém deve ter criado expectativas ao comandante geral da PSP que, agora, foram pelo cano abaixo. O ministro Cabrita não deve ter sido, manifestou-se muito surpreendido quando Magina anunciou publicamente as suas ideias. A ser genuína, a surpresa, podemos excluir o primeiro-ministro, Costa jamais iria atropelar as competências de um dos seus amigos que trouxe para o Governo. Cabrita é um fiel e Costa sabe agradecer. Como o anúncio de Magina foi feito à saída de uma audiência com o Presidente da República, admite-se como possível que ele tenha saído daquele gabinete convencido de que era o homem certo com as ideias certas.

No SEF, a entrada do tenente-general, que liderou a GNR entre 2018 e 2020, é vista com “estranheza e como uma fuga em frente do Governo”, escreve a Visão online. Há 30 anos que não se via um militar a comandar o SEF, o que não significa que este corpo da polícia civil não tenha nos seus quadros muitos militares. Aliás, o novo comandante vai lá encontrar vários militares que saíram da GNR para o SEF.

O ministro Cabrita defendeu a escolha que fez, diz que o tenente-general é um tipo qualificadíssimo, que sabe imenso daquilo, mas a memória que deixou na GNR não abona muito a favor dele no que diz respeito a relações humanas e hierárquicas. Se foi assim num corpo militar, como será que vai ser num corpo de polícia civil… O ministro Cabrita lá saberá o que anda a fazer. Aliás, é a segunda vez que nomeia Botelho Miguel para cargos de comando, já que foi ele quem o escolheu em 2018 para liderar a GNR.

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