Feliz Natal, sr. Ildefonso

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1936

Em Sintra todos o conhecem, chama-se Manuel Ildefonso. Há demasiado tempo que trava uma luta contra a prepotência. Dorme na rua depois da Polícia Municipal lhe ter rebocado o carro. Espera que a Câmara Municipal de Sintra lhe atribua uma casa social, mas não aceita pardieiros indignos.

Basílio Horta nem o pode ver e com frequência a Polícia Municipal, ilegalmente, afasta Manuel Ildefonso da porta da autarquia, onde permanece em protesto dia e noite, ao sol e à chuva ou ao frio.  Ildefonso é um cidadão frágil, defronta um “Golias” presidente de Câmara e respetivos paus mandados. E paga com o corpo o atrevimento que lhe dá ânimo.

É um homem apenas, um único cidadão, sentado num muro ou numa cadeira, na via pública, sem incomodar ninguém, não tendo que se submeter aos burocratas, mas que leva o “suserano” à loucura, porque, simplesmente, goza do direito de reclamar e procura desencadear mecanismos institucionais que lhe tragam resposta aos seus anseios. É isto que ele faz, tem o direito de o fazer. Até mesmo em noites e dias de Natal.

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