António Costa acaba de torpedear os que já o acusavam de querer formar uma polícia à sua imagem e dos interesses do grupo que chefia, o Partido Socialista. O “torpedo” foi lançado hoje quando desmentiu que seja intenção do Governo extinguir o SEF e atribuir as funções da polícia de fronteiras à PSP. Para muitos, essa ideia era já um dado adquirido quando o diretor nacional da PSP disse, publicamente, no início desta semana, que tinha proposto a “fusão” ao Governo.
Hoje, Costa veio dizer que, sobre a reforma policial, “não estão neste momento decisões finais tomadas. Há uma orientação geral que está definida, que não passa seguramente nem por fusões de polícias, nem por cenários desse tipo”, afirmou o primeiro ministro, numa declaração feita no Palácio de São Bento, em Lisboa.
Interpretando o que o primeiro-ministro disse, que o que está previsto é “uma separação muito clara, entre aquilo que são as funções policiais do policiamento de fronteiras, da dimensão administrativa do relacionamento com os estrangeiros que residem tal como nós em Portugal”, o SEF será dividido mas não desmantelado. Haverá um novo organismo para tratar da “dimensão administrativa” e outro que manterá “as funções policiais do policiamento de fronteiras”.
Ou seja, Costa não gostou da iniciativa de Magina da Silva. Mas é estranho que só agora tenha dado por ela, uma vez que o diretor nacional da PSP afirmou que o plano “tem sido trabalhado com o Ministério da Administração Interna” e que disse ter “proposto, de forma muito direta”, e que abordou o assunto “com o senhor Presidente”, que a PSP seja extinta e o SEF extinto. Pelos vistos, há coisas que se passam no Ministério da Administração Interna que o ministro não transmite ao seu chefe. E talvez mais estranho ainda seja o facto deste diretor nacional da PSP ter sido aceite por este primeiro-ministro quando trazia ideias com as quais ele não iria concordar.