No Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra Mulheres, foram divulgados os números mais recentes deste flagelo social.
Segundo a Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica, foram acolhidas 625 e atendidos mais de 12 mil apelos de ajuda ou pedidos de informação. Cento e conquenta pessoas conseguiram autonomizar-se do agressor. Estes registos abrangem um periodo temporal entre 28 de setembro e 8 de novembro, apenas.
Já durante a primeira vaga da pandemia, entre 18 de março e finais de junho, a Rede Nacional de Apoio às Vítimas de Violência Doméstica acolheu 848 pessoas, entre 499 mulheres, 328 crianças e 21 homens, além de ter feito 24.692 atendimentos.
Existem atualmente 180 estruturas de atendimento e, ao nível do acolhimento, 26 estruturas de emergência e 35 casas de abrigo.
Quando surgiu a pandemia, entrevistámos Daniel Cotrim, sociólogo ao serviço da APAV que, já então, revelava que as pessoas que testemunhavam situações de violência doméstica estavam cada vez mais atentas e reativas, o que é uma ajuda fundamental para as vítimas.
O dia de hoje servirá para a formalização do Pacto contra a Violência, que será feito através de uma transmissão online, tratando-se de uma rede de entidades que colaboraram na oferta de respostas de urgência e apoio a trabalho da RNAVVD durante a pandemia de covid-19, segundo revelou Rosa Monteiro, Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade.
Rosa Monteiro explicou que pretende que mais empresas colaborem com a rede nacional e que esse apoio pode materializar-se tanto na forma de material informático, como bolsas de formação ou bolsas de emprego
Os dados mais recentes do Governo revelaram que a violência doméstica já matou 20 pessoas até ao dia 19 de novembro, 16 das quais mulheres.
As participações de crimes de violência doméstica cresceram entre julho e setembro, com 8.228 ocorrências participadas à PSP e GNR, mais 1,12% do que as 8.137 no período homólogo de 2019 e mais do que as 6.928 registadas no segundo trimestre de 2020.
Também o número de pessoas presas por crimes de violência doméstica aumentou, assim como o de pessoas integradas em programas para agressores.
O tema é quente. É preciso discuti-lo até à exaustão para evitar que a maior parte dos casos mais complicados terminem em morte. “Cento e cinquenta vítimas conseguiram autonomizar-se do agressor”, mas à custa de quê? Se do desenraizamento das suas casas e postos de trabalho, é um preço muito caro. Também isso tem que ser revisto, porque é uma profunda injustiça.
Tem razão. Tem sido uma caminhada lenta e sem fim à vista, ainda.