Vou mandar o Face à fava.
O Facebook é uma fonte de enganos. Andei 30 dias a pé com um repórter de imagem nos trilhos da Renamo. E ficámos irmãos, pensava eu. Um dia pedi-lhe amizade facebookiana. E nada! Ora, essa! Então comemos os dois o pão-que-o-diabo amassou e ele não aceitava o pedido? Nem respondia às mensagens. Dividimos feijões gigantes e pedaços de frangos minúsculos. Durante 30 dias a palmilhar sob um calor sufocante.
Ele tinha vindo de Bruxelas, onde trabalhara anos a fio. No mato, eu sonhava quando ele falava da galinha de fricassé do restaurante La Lillie, dos nacos estufados do Renard e do peixe no forno de Madame Louise. Depois a conversa passou para as teorias políticas. Entrou nas anedotas. Seguiu para mulheres e acabámos a contar as nossas vidas.
Éramos irmãos. E partilhávamos o sofrimentos dos outros, fazendo das suas dores, nossas. Nesse tempo de Vila Sena a Inhaminga, só existia uma pobreza extrema. E assim continua. Voltámos extenuados. Ele mudou de estação. “Adeus Tintin”. Provavelmente pelo meu corte de cabelo.
Agora ao publicar uma foto dos dois, ao lado do presidente guerrilheiro, fui alertado: o Barros Marques morreu. Gaita para o Facebook! Porque razão não pus os pés a caminho, há mais tempo, em direcção à Cruz Quebrada, onde curiosamente eu nasci e ele sempre viveu! Um abraço companheiro! Vou mandar o Face à fava.