Há cada vez menos jornais impressos, é verdade. Infelizmente, parece que as pessoas perderam interesse em comprar o jornal em papel. A maioria dos leitores usa a Internet para ter acesso às notícias. Também é verdade que todos os órgãos de comunicação social têm versões digitais, seja em sites ou nas redes sociais. O papel está a desaparecer, uma pena.
Por isso ou por alguma excentricidade comercial, o quiosque de jornais do café A Brasileira do Chiado vai deixar de vender jornais nacionais para se “especializar” na imprensa regional. O argumento não é mau: “do Minho a Trás-os-Montes, das Beiras ao Alentejo, da Estremadura ao Ribatejo e do Douro ao Algarve, aqui regressamos às origens de muitos dos que nos visitam para um café, e que agora se sentirão ainda mais próximos de casa”, lê-se na página de A Brasileira no Facebook.
O café A Brasileira do Chiado é um dos ex-librys de Lisboa. Uma casa antiga quase a fazer 115 anos, o salão é lindíssimo e muito bem preservado, nas mesas da Brasileira já foram pensadas muitas obras de arte e discutidas muitas ideias, porque o local tornou-se base de tertúlias intelectuais desde há muito tempo. No tempo em que havia turistas, ninguém dispensava a selfie ao lado da estátua de Fernando Pessoa sentado na esplanada.
Classificada, desde 1997, como imóvel de interesse público, A Brasileira é hoje um dos mais antigos e um dos três únicos cafés de Lisboa que atravessaram todo o século XX e se mantêm abertos. Por isso é uma das “Lojas com História” da cidade, classificação com que a autarquia distingue lojas antigas de comércio e serviços. Mas há cada vez menos locais como este. Bom, se quiser comprar o jornal da terra, A Brasileira do Chiado vende.