Cascais, hortas comunitárias destruídas

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Cascais, Vale da Amoreira, Rua Dom Bosco, num terreno que tinha um portão a dizer “Horta Comunitária Desassociada”, a Polícia Municipal entrou para destruir.

Destruiu os abrigos de madeira onde se guardavam alfaias agrícolas, destruiu as estruturas de apoio ao trabalho da horta como, por exemplo, os reservatórios de água, destruiu canteiros, pisou plantas, destruiu a horta.

Dizem que não foi a única horta a ser desmantelada pela Polícia Municipal de Cascais. Mas esta ficou como as imagens documentam. O que sobrou não passa de lixo que a Polícia Municipal ou outro serviço qualquer camarário deveria ter levado e não levou. Por enquanto.

Para quem gostaria de saber mais sobre o projeto, um retrato feito por um dos seus ativistas: “Este projeto contava com cerca de 30 árvores de fruto maioritariamente da flora mediterrânica, bem como aromáticas e pequenos arbustos. O objetivo seria fazer um pomar e estimular a biodiversidade do vale. Sazonalmente fazíamos camas onde plantávamos hortícolas recorrendo a técnicas de compostagem, vermicompostagem entre outras técnicas biológicas. As hortas circundantes investiam mais nas hortícolas quase sempre em regime biológico também. Devemos salientar que o espaço da horta estava cheio de entulho e de resíduos que ao longo do tempo fomos retirando do terreno. Neste tempo criámos, a nosso ver, uma relação muito positiva com os outros horticultores do Vale da Amoreira onde houve verdadeiras partilhas de conhecimento intergeracionais. Para além disso, usávamos o espaço da horta para fazer eventos gratuitos nos quais os artistas locais puderam partilhar com a população um pouco da sua arte.”

Era, assim, um espaço lúdico, de aprendizagem e de partilha. Nas tardes de sábado, música ao vivo, a onda suave do jazz…

Foi um dia triste para quem aqui investiu o seu tempo e carinho pela Natureza. Sem qualquer tipo de aviso prévio, a Câmara Municipal de Cascais deixou a Horta Comunitária Desassociada no estado que aqui podem ver. Os protestos encontram eco nas redes sociais. Destacamos um, mas o tom de censura é geral.

Razões para este procedimento? Bom, talvez o proprietário tenha alguma intenção de fazer obras numa propriedade há décadas sem préstimo, mas podia ter avisado e as pessoas teriam tido tempo de salvaguardar as suas coisas. Não havia necessidade de fazer as coisas desta maneira. À bruta. Nem mesmo a ausência de licenciamento o justifica.

2 COMENTÁRIOS

  1. Para já e sem mais elementos para análise correta, me parece que isto pode considerar-se um crime, seja praticado pela PM ou por outra entidade seja ela qual fôr. Aconselhava consultarem um advogado para ele dar o seu parecer e ver se há alguma saída para tamanha barbaridade. Muito negativo e de difícil compreensão.Como alguém dizia atrás, vamos ver se se lembram disto quando das eleições.

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