Na manifestação de ontem, no Rossio, houve de tudo desde agressões e ameaças a jornalistas, a gente concentrada sem usar máscara, mas não se viu a PSP a intervir, excepto na ocasião em que tirou os jornalistas do Observador do meio da multidão. Neste caso, a polícia evitou a continuação das agressões mas não identificou nenhum dos agressores.
Não há quem não perceba que o setor da restauração está com a corda na garganta. Depois de terem fechado portas em março, abril e maio, depois de um verão fraco em termos turísticos, as novas restrições são entendidas como a gota que faz transbordar a água do copo. O governo anunciou apoios considerados insuficientes e os chefs de cozinha querem mais.
Na verdade não se tratou apenas de uma manifestação. Aos cozinheiros juntaram-se os negacionistas, os que dizem que a pandemia é apenas uma “constipação” ou pouco mais. Todos juntinhos e sem máscara. Também aqui não se viu a polícia agir, nem sequer a tentar sensibilizar os infratores para a obrigatoriedade do uso de máscara em situações onde não é possível garantir o distanciamento físico entre as pessoas.
Segundo os relatos dos repórteres que lá estiveram, a manifestação não cumpriu o horário do recolher obrigatório.
Sobre as agressões, ameaças e insultos a jornalistas, o Sindicato dos Jornalistas condena e lamenta a situação. Em comunicado frisa que “vivemos todos tempos difíceis, mas a insegurança ou a revolta não podem justificar nunca ameaças aos jornalistas, que estão no desempenho da sua missão de informar”. E lembra que sem jornalistas a voz dos que protestam teria menos impacto na opinião pública. É verdade, mas cada vez menos. As alternativas de comunicação de massas, nas redes sociais, são já bastante eficazes.