A Gendarmerie, a polícia francesa, acaba de receber 1200 viaturas novas, o que deve fazer corar de vergonha a PSP portuguesa. Mesmo levando em linha de conta a escala das corporações e dos próprios países, é evidente que a polícia francesa é tratada com mais algum cuidado do que acontece com a congénere lusitana.
A viatura escolhida foi um SUV topo de gama, o Peugeot 5008 (depois de concurso público), um “carrito” que vai até aos 185 kms por hora, o que chega e sobra para a grande maioria das perseguições urbanas ou rurais que a polícia tem de fazer ocasionalmente. Além disso é uma viatura suficientemente espaçosa para transportar toda a “palamenta” das viaturas policiais, desde os computadores de bordo, rádios de comunicação, GPS, algemas e caçadeiras de canos cortados. Cabe lá tudo e ainda tem 5 lugares para agentes da polícia e presumíveis bandidos detidos.
Este Peugeot 5008 vale cerca de 65 mil euros a unidade, mas é provável que compras em grandes quantidades sejam objeto de descontos generosos.
A intenção desta notícia não é provocar urticária à PSP ou à GNR, mas é para dizer que existe uma ligação com Portugal, embora ténue e involuntária. É que o dirigente máximo da Peugeot francesa é um português.
Na industria automóvel, Carlos Tavares é um dos mais conceituados gestores a nível mundial. Tem um curriculum que dispensa muitos comentários. Ingressou na Renault em 1981, mas ganhou destaque quando se juntou à parceira japonesa da Renault, a Nissan Motor Co Ltd. Tavares dirigiu as operações da Nissan na América do Norte, depois tornou-se diretor de operações da Renault, em 2011. Em 2013, Tavares foi contratado pela Peugeot para CEO do grupo, então em crise, para liderar uma reviravolta. Salvou as empresas da falência e iniciou uma série de aquisições e fusões, a mais recente foi a aliança entre a Peugeot (PSA) e a Fiat Chrysler Automobiles (FCA) que cria o quarto maior fabricante mundial de automóveis, uma grande vantagem para amortizar investimentos em veículos elétricos e obter os melhores preços dos fornecedores de peças.
Ou seja, vender 1200 carros a uma agência estatal é peanuts para Tavares. Para se segurar, ele precisa de vender milhões de carros por ano. Não se tem saído mal, embora os sindicatos de trabalhadores não o apreciem muito.
Na foto final, Tavares aparece com o famosíssimo treinador alemão Jurgen Klopp e um tipo (administrador da OPEL) que se chama Michael Lohscheller mas que ninguém conhece. Carlos Tavares é o mais baixo, em estatura, mas seguramente o mais alto em impacto social.