Se em janeiro deste ano alguém tivesse dito que hoje estaríamos todos a usar máscaras para nos protegermos de um vírus, teria sido dado como maluco e teria corrido o risco de ser internado num manicómio.
Hoje, quem não usa máscara corre sérios riscos de ficar doente e, em alguns casos, pode até ser detido e multado pela polícia. Tudo mudou em 2020, particularmente desde março.No Mundo já se enterraram mais de 1 milhão de pessoas falecidas com covid-19. Em Portugal, o número ultrapassou há dias a fasquia dos 2 mil óbitos e a contagem não parou.
O uso de máscara tornou-se numa necessidade e, se a doença não abrandar, pode vir a ser obrigatório o uso desse artefacto mesmo ao ar livre.
Em termos económicos tem sido uma catástrofe, o número de desempregados não cessa de aumentar. Há um único país no Mundo que está realmente a beneficiar com esta situação que é, curiosamente, aquele onde tudo terá começado: a China.
Por exemplo, as máscaras que usamos vêm da China. Em Portugal não havia uma única fábrica de máscaras mas, entretanto, algumas fábricas têxteis foram adaptadas para a produção dessas peças de primeira necessidade. A dependência da importação de máscaras é, contudo, quase total. Segundo dados estatísticos agora divulgados, Portugal importou em seis meses quase 200 milhões de euros em máscaras feitas na China. Qualquer coisa como 19 euros por habitante.
A União Europeia foi pelo mesmo caminho. Todos os Estados membros importam quantidades astronómicas de máscaras chinesas. O valor global dessas importações atinge 14 mil milhões de euros. Está tudo em bancos chineses e a ser reinvestido na industria chinesa.
Na Europa, o país que mais importa máscaras é a Alemanha e Portugal vem a meio da tabela, como em quase tudo. E há outras nuances nesta questão das importações. Em Portugal, a maioria das máscaras importadas destinam-se ao mercado, são importadas e revendidas nos circuitos comerciais privados. Uma outra parte são importações do Estado e destinam-se a serem consumidas no Serviço Nacional de Saúde e por instituições públicas que as fornecem gratuitamente aos utilizadores.
Podia ser como no Luxemburgo, por exemplo, onde o Estado decidiu distribuir gratuitamente pela população as máscaras de proteção individual. O Luxemburgo é o país que mais gasta em máscaras faciais, qualquer coisa como 121 euros por habitante. Este montante é quase quatro vezes superior à média da UE, que se situa nos 33 euros por pessoa. Portugal gasta apenas 19 euros por habitante. Parece pouco mas equivale aos 200 milhões de euros já mencionados antes.
De acordo com o Eurostat, a China foi o principal exportador, garantindo 92,3% do stock de máscaras a nível europeu durante o primeiro semestre de 2020. Trata-se de um aumento de 30% face a igual período do ano passado.