O Governo deu instruções às escolas para evitarem a todo o custo a suspensão das aulas presenciais. O encerramento das escolas é a “última decisão” no conjunto das medidas para mitigar a propagação da covid-19, diz o ministro da Educação.
Apesar disso, já há vários estabelecimentos de ensino total ou parcialmente encerrados devido a surtos entre os alunos e restante comunidade escolar.
O ministro diz que é importante manter em funcionamento o regime presencial, não apenas para garantir as aprendizagens dos alunos, mas também a sua saúde mental e física, assim como para assegurar o equilíbrio das famílias e a continuidade da vida profissional dos encarregados de educação. No entanto, as palavras do ministro podem soar estranhas se quem o escuta tem filhos infetados, por exemplo.
A política de combate à pandemia parece não obedecer a nenhum plano programado. Por exemplo, nos concelhos onde foi declarada a obrigatoriedade da população permanecer em casa, concelhos de Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira, as escolas permanecem abertas e com aulas presenciais. Mas em Borba e Vila Viçosa, onde não foi decretada nenhuma medida de excepção, todas as escolas foram encerradas devido a surtos de covid-19.
Surtos em escolas, o caso da EPTC em Cascais
Os últimos números da Federação Nacional de Professores (Fenprof) apontam para quase 400 surtos, mas os dados divulgados esta semana pela Direção-Geral da Saúde (DGS) referiam apenas 49 surtos em ambiente escolar. Este desencontro entre os dados recolhidos pela Fenprof e pela DGS revelam que, em muitas situações, as autoridades de saúde não classificam de surto eventos epidémicos que têm origem fora das escolas mesmo se afetam alunos, professores ou outros funcionários dos estabelecimentos escolares.
Por exemplo, na Escola Profissional de Teatro de Cascais há 4 casos de alunos que testaram positivo ao covid-19, mas o Delegado de Saúde ainda não decidiu se manda fechar a escola. Nesta escola, todos os alunos infetados pertencem à mesma turma que está já em confinamento profilático desde dia 16. Neste momento, há a dúvida se quatro casos na mesma turma constituem um surto para a DGS, ou não. O delegado de Saúde de Cascais foi informado do que se está a passar nesta escola, mas ao fim de cinco dias ainda não tinha reagido.