(transcrição da crónica): A notícia já tem uns dias, não será novidade para muita gente, dois autarcas do Partido Socialista de Sintra foram condenados por fraude. A fraude deriva da contratação de uma assessora jurídica que não tinha formação para tal, ela era apenas casada com um dos condenados agora pelo Tribunal de Sintra. Como se já não bastasse contratar a própria mulher, ainda a contrataram para funções para as quais ela não tinha competência.
A condenação não tem nada a ver com o chamado nepotismo – palavra que significa favoritismo excessivo dado a parentes ou amigos por pessoa bem colocada. Ora, a pessoa bem colocada era o marido, a favorecida foi a esposa. Mas a condenação não teve nada a ver com isto, portanto os senhores políticos podem continuar a dar emprego à família sem problemas, eles foram condenados apenas por fraude, suponho que a fraude tem a ver com terem contratado para jurista quem não tinha conhecimentos para tal. Se a tivessem contratado para assessora de comunicação já não haveria problema porque, segundo li, a senhora em questão é jornalista. Isto é uma classe profissional que anda mesmo pelas ruas da amargura, pá. Bom, quando se soube disto, refiro-me à condenação, a oposição a Basílio Horta embandeirou em arco, acenderam o fósforo e chegaram o lume à palha…
Mas o Basílio Horta que é raposa velha apagou a chama num instante. O que ele fez foi aproveitar a Assembleia Municipal, que até é transmitida em direto para as redes sociais, e apelar aos dois condenados que se demitissem dos cargos que têm na estrutura da autarquia… um deles é presidente da junta de freguesia de Sintra e o outro é tesoureiro na junta de freguesia de Queluz-Belas e administrador da empresa municipal EMES.
Com isto, Basílio livra-se de um problema que é ter dois condenados a trabalhar com ele, ao mesmo tempo que dá uma de amigo, ao dizer que tem estima pessoal pelos condenados. Ninguém no PS lhe pode cair em cima e ninguém na oposição o pode acusar de compadrio. Um ato brilhante, digno de um grande mestre do cinismo político.
Ao pedir que os dois condenados se demitam, Basílio empurra-os para uma situação sem outra saída. Aliás, um deles demitiu-se logo, do outro não há notícia mas acabará por lá ir em nome da honra do partido a que pertencem, como disse Basílio…
A verdade é Basílio não foi acompanhado por nenhum dos dirigentes locais do partido. Da concelhia do PS de Sintra não sai um pio… mas há silêncio que dizem tudo. Basílio fez bem, desta vez. Talvez seja o sinal de que não vai recandidatar-se de novo ao lugar.