Banca, licença para assaltar

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No minuto em que abre uma conta bancária, acaba de perder dinheiro. Os bancos não lhe pagam juros e inventaram uns quantos esquemas para lhe tirarem o dinheiro que lá deposita. Taxas de manutenção, taxas de levantamento ao balcão, taxa disto e daquilo, se não se põe a pau quando menos esperar o dinheiro já desapareceu. A não ser que seja muito dinheiro. Quanto assim é, demora mais tempo a desaparecer. Mas se for uma pequena conta de poupança ou de depósito de salário magro, mais vale não deixar o dinheiro no banco. Na fronha da almofada só desaparece o que gastar efetivamente.

No Portal do Cliente Bancário (Banco de Portugal) existe um serviço a que todos podemos aceder que é o “comparador de comissões”. E o que se pode ver nesse “comparador”? Serve para ver que, por exemplo, o Novo Banco cobra por levantamento de numerário ao balcão uma comissão de 12,48 €. É muito? Pois é, mas o BAI Europa cobra 20,00 € certinhos (ver quadro abaixo), para facilitar as contas.

Menos comilões, a maioria dos bancos cobra por este serviço taxas entre os 2 € e os 5 €. Mas não se trata de uma taxa mensal, não. Sempre que lá for ao balcão levantar o seu dinheiro, eles cobram. Se lá for todos os dias, por absurdo, cobram a mesma taxa todos os dias. E trata-se do seu dinheiro. Claro que ir ao balcão é dar trabalho a um funcionário e isso é incomodativo e os incomodados fazem-se pagar, como estamos a ver.

Periodicamente o Banco de Portugal faz uns relatórios sobre a atividade bancária e, neste campo das taxas cobradas por serviços ao balcão, os bancos têm-se atarefado a aumentar a penalização ao cliente que se atreve a entrar pela porta de qualquer loja. No último ano, diz o Banco de Portugal, o valor das taxas aumentou 18% em média.

Se o leitor for pessoa com posses, talvez consiga fugir a este castigo. Os bancos gostam de gente endinheirada e, se a coisa for bem negociada, fazem aquilo a que se chama “depósito especial”, com condições de remuneração especiais e, muito provavelmente, isenção das taxas que se aplicam aos clientes pobretanas. O escriba deste artigo já viu contas desse género, nomeadamente quando vai ao Tribunal Constitucional verificar declarações de rendimentos de políticos.

Mas já que foram aqui mencionados os bancos que mais sacam ao cliente, vai ficar aqui, também, a referência a alguns exemplos de bancos que menos sacam. Por exemplo, as Caixas de Crédito Agrícola cobram 3,90 € na maioria dos casos, mas a do Bombarral apenas 1,40 €, a de Leiria 1,04 € e a de Mafra não cobra nada (uma ovação de pé, por favor!).

Abaixo dos 5 € há vários casos, mas a grande maioria cobra acima desse montante e há muitos bancos que não divulgam este tipo de informação, pelo menos não consta neste “comparador de comissões” do Portal do Cliente Bancário.

Nos filmes de polícias & ladrões de Hollywood há aquela cena em que o assaltante diz “mãos ao alto, isto é um assalto!”. Mas agora o cliente já entra no banco com os braços levantados, rendido e delapidado. Somos uma espécie de “lesados de todos os bancos”.

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