O Alentejo ainda devolve, nesta altura do ano, um calor que faz os corpos transpirar, mas é na alma que o calor dos alentejanos se faz mais sentir.
A candidata à Presidência da República, Ana Gomes, no passado fim de semana, quando o auditório de Campo Maior a recebeu com o número máximo de audiência possível. A crise sanitária assim obriga, mas a contingência foi largamente ultrapassada pela presença de gente de várias gerações, simpatizantes da candidatura mas provenientes politicamente de diferentes partidos, num diálogo e troca de ideias constantes com a candidata.
Em Campo Maior, no sábado, toda a gente tinha curiosidade para ouvir Ana Gomes falar de temas que lhe são caros: o combate à corrupção, os equilíbrio institucionais, a influência que uma Presidente pode ter face ao Governo, os problemas ecológicos, o crescimento baseado nas tecnologias digitais, a economia verde, a “bazuca” europeia que vai ajudar a recuperar a economia devastada pela crise pandémica.
Ana Gomes é direta, frontal e quando ganha balanço, empolga-se e fala com a alma. A presença de individualidades políticas regionais, dão-lhe o apoio que uma candidata a correr sozinha precisa.
“ Somos socialistas, apoiamos o Costa, mas agora apoiamos Ana Gomes pois é ela que personifica o espírito lutador do PS” – diz sem rodeios um político local que representa as estruturas regionais do PS no Alentejo.
O ponto de partida para uma campanha longa por Portugal começou da melhor maneira, com um encontro, ao final do dia, com o Comendador Rui Nabeiro. O empresário de Campo Maior, que emprega mais de 2700 trabalhadores, mostrou-se disponível para apoiar candidatos da área do Partido Socialista, mesmo quando o PS não os apoia assumidamente. Foi o que aconteceu com a candidatura presidencial de Manuel Alegre em 2006, por exemplo.
No Domingo, em Aljustrel, num anfiteatro ao ar livre, Ana Gomes voltou a ter uma audiência entusiasmada, muito feminina, com jovens e figuras locais do PS, e de novo com simpatizantes de vários partidos.
As questões da agricultura intensiva preocupam a candidata e muitos presentes confessaram-se alarmados com a devastação ambiental provocada pelos novos olivais, explorados pelos espanhóis e que nada deixam de dividendos em Portugal. Temas fortes foram, de novo, o combate à corrupção mas, também, a igualdade de género.
“Sem igualdade de género não há democracia”, sintetiza Ana Gomes. E lançou um apelo aos mais jovens para que não se acanhem e que participem na política, mesmo que possam estar desiludidos.
Ana Gomes teve um bom fim-de-semana, sentia que a sua candidatura ganhava fôlego, sentia o empenho confessado pelas pessoas com quem se reuniu. Gostou de saber que um dos seus apoiantes criou há 3 meses uma página de apoio a Ana Gomes no Facebook que já vai em mais de 30 mil aderentes.
O Alentejo continua a ser um lugar distante das atenções dos políticos sentados no Terreiro do Paço. Um estigma que a candidata vai combater, sendo eleita ou não.