O covid-19 afectou gravemente os quatro jornais diários portugueses obrigando-os a baixar as tiragens já bastante reduzidas e mantidas em segredo para evitar pânico.
O fim anunciado da Imprensa escrita irá abalar o futuro do país, dos governos e dos políticos. Deixaremos de saber, por exemplo, como vai a Casa Pia, o juiz Rangel, o Tribunal da Relação, o BES, o Ricardo Salgado, as golas Anti-Fumo, o Rui Pinto ou o Angola Leaks. Para já não falar do Panamá Leaks ou outros leaks que por piada são entregues a certos sindicatos de jornais e depois “morrem”.
Os jornais diários estão afogados em despesas e não têm leitores suficientes. A culpa não é dos jornalistas e basta ver que denúncias de casos não faltam. Os jornais cumprem a sua função.
O problema é do modo de vida dos portugueses, penhorados por causa das casas onde vivem, dos automóveis onde se deslocam e sem paciência para jornais depois do tempo que perdem nos engarrafamentos no caminho de regresso a casa.
É a classe com rendimentos médios que mais abandonou os jornais. Vive hoje pendurada nos títulos rapinados por motores de busca na Internet. Ou seja, duas linhas e fica enfadada com o excesso de informação!
Preferem não saber. É mais cómodo. De certo modo, tudo começa na escola, onde os miúdos são habituados a decorar tudo em vez de serem estimulados a procurar o conhecimento pela leitura.
O método do “decoranço” é muito cómodo para os professores e dá jeito a Mário Nogueira da Fenprof, que assim se mantém rei-de-acomodados.
Esta é, aliás, a primeira pedra no sapato na inteligência emocional dos portugueses. Mata-se a curiosidade, a leitura, os jornais e depois será Democracia.
“Que azar os jornais também sofrem de Covid!” – comentarão os agarrados-ao-sofá, à espera do terço ou da novela onde se grita e nada aprende.