Joe Berardo é uma figura castiça. Diz de si próprio que é um coleccionador nato, colecciona tudo, desde caixa de fósforos a postais e obras de arte caríssimas, embora numa comissão parlamentar de inquérito tenha dito que não tem nada. Ou quase nada, pobre homem.
O emaranhado das dívidas de Berardo e das empresas ligadas a ele é tal que se perde na dificuldade de o explicar. São os 350 milhões que a Fundação Berardo e a Metalgest devem à Caixa, são os 980 milhões que no total a Caixa, o BCP e o Novo Banco emprestaram ao “universo” Berardo e que não conseguem recuperar. Um assaltante de bancos não teria feito melhor.
No final, o empresário confessa-se despojado de bens materiais e de dívidas seja a quem for.
Sendo assim, apesar das milhares de peças e obras de arte que Berardo tem espalhadas por diversos museus, seja no Centro de Artes Casa das Mudas, na Madeira, ou no Museu de Arte Contemporânea, em Lisboa ou, ainda, no Museu Berardo de Arte Moderna, no CCB ou, agora, no Museu Berardo Estremoz, há uma peça que Berardo não tinha mas que nós lhe oferecemos aqui no Duas Linhas. Trata-se do “retrato” de um dos famosos Irmãos Metralha, no caso aquele que tem a ficha policial nº 176-671. Um ícone da arte moderna que Berardo ainda não tinha. Uma obra-prima de Hélder Dias.