ACABAR COM A PORNOGRAFIA

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A frase mais certeira pertence a David Justino: “É um negócio pornográfico”.

A mulher muda de estação de TV como quem bebe um copo de água. Aparentemente, relações profissionais e pessoais não contam para nada. Se é que existem. Manda o carcanhol e o poder fictício. Uma mudança celebrada com muita hipocrisia e cinismo. Tanto da própria como da SIC, com votos mútuos de felicidades futuras.

Estranha-se é como a TVI, que há bem pouco tempo reclamava apoios públicos e vai recebê-los (3 milhões 342 mil euros), derrete esse apoio em apenas um salário e em apenas um ano. Isto merecia uma petição pública, dirigida ao Governo, no sentido de se pôr cobro ao apoio de milhões de euros em publicidade institucional com que vamos brindar a TVI. Sim, vamos, que o dinheiro é nosso, de todos os contribuintes.

A TVI entrou com tudo – dinheiro, direcção, administração e capital social. Deslumbrada, a mulher ficou derretida, de papo cheio. Conta connosco. Comigo não, conta é com os telespectadores que a seguem. Que estiveram com ela na TVI e depois na SIC. Espera, agora, que a acompanhem no regresso à TVI. Conta com o apoio dos tansos. Sim, sem eles, está tramada. Estão tramadas. Ela e a TVI.

Tenho dúvidas, porém, de que a TVI tenha entrado mesmo com tudo. Nada impede a SIC de entrar com mais dinheiro, duas minas de lítio lá para o nordeste e ainda uns terrenos na lua. E aí, se calhar, teríamos a mulher a mudar de novo para a SIC. Convicta de que os tansos que estiveram com ela na TVI, depois na SIC e de novo na TVI, não deixariam de a acompanhar, outra vez, num segundo regresso à SIC. 

Depois dos votos de felicidades, a SIC reagiu com uma paródia à mulher. Não é má ideia. Se for coisa bem feita, 3 vezes ao dia, no mesmo período em que a mulher voltar a aparecer, mas a horas irregulares, a coisa pode tornar-se feia para a TVI. Nas circunstâncias presentes, pode ser legítimo o recurso ao “vale tudo”. Se é para a desbunda, então façam favor, desbundem a sério – o pagode agradece.

Bonito, bonito, seria, porém, vermos os espectadores a acabarem com a pornografia. Bastaria, para tanto, que dessem um uso correcto aos telecomandos.

(o autor publica a mesma crónica no Jornal de Barcelos)

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