Quando se soube que o hacker Rui Pinto tinha pirateado emails da sociedade de advogados PLMJ, em 2018, nasceu a suspeita de que alguns dos megaprocessos que a Justiça portuguesa tem em mãos poderiam ganhar um novo fôlego, se as provas recolhidos puderem ser utilizadas em tribunal.
Um desses processos é o que envolve o antigo ministro da Economia, Manuel Pinho, e vários administradores da EDP. António Mexia e João Manso Neto foram constituídos arguidos a 2 de junho de 2017, mas o processo já corre no Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) desde 2012.
O juiz que neste momento tem o processo nas mãos é o célebre Carlos Alexandre. Entretanto, o juiz já foi alvo de um pedido de afastamento, fundamentado pelos advogados de Mexia com argumentos que sugerem que Carlos Alexandre tem algum interesse pessoal em comandar o processo e, dizem os advogados, “um juiz não pode escolher os processos que quer”.
De qualquer modo, até agora, o Conselho Superior de Magistratura ainda não retirou o juiz deste processo e, assim, o artificio dilatório não surtiu efeito e Carlos Alexandre continua a interrogar os envolvidos no processo e será ele quem vai decidir, em breve, as medidas de coação a impor aos arguidos.
Se Carlos Alexandre concordar com tudo o que os procuradores lhe pedem, António Mexia e João Manso Neto vão ficar, na prática, impedidos de continuar a exercer a administração das empresas do grupo EDP.
O ministério público pede o corte de todos os laços que prendem Mexia e Manso à EDP. Querem que os arguidos fiquem impedidos de exercer funções, proibidos de entrar nos edifícios da EDP, que entreguem os passaportes, que fiquem inibidos de contactar com outros arguidos e com testemunhas ou funcionários que de alguma forma estejam envolvidos no processo que está em investigação.
O Ministério Público pede uma caução de 2 milhões de euros para Mexia e 1 milhão para Manso Neto.
Os arguidos são suspeitos de corrupção e participação ativa em negócio.
Há 14 anos que António Mexia é presidente executivo da EDP
Conhecendo o histórico deste juiz, acreditamos que Mexia e restantes compagnons de route têm tido algumas noites de insónia, ultimamente.