A TAP “é nossa” outra vez

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Poucos anos depois de ter sido privatizada à pressa, o Estado prepara-se para recuperar a posse da maior transportadora nacional que está falida e corre o risco de desaparecer.

Caso a TAP não seja salva, mais de 10 mil postos de trabalho diretos vão desaparecer e muitos milhares de outros de empresas que prestam serviços à TAP, correm o mesmo risco.

A crise provocada pelo covid-19 veio dar cabo do pouco que restava da empresa e, agora, só uma enormíssima injeção de capital, precisamente 1.200 milhões de euros, pode evitar o encerramento da TAP.

A TAP não é só importante pelo número de trabalhadores que tem, nem só pela riqueza que cria ao contratar serviços externos, mas principalmente porque é a TAP que traz para Portugal metade dos 20 milhões de turistas que costumam visitar o país anualmente e porque é um elo de ligação com a diáspora portuguesa e com as comunidades lusófonas no Mundo inteiro.

Por tudo isto, o governo não quer deixar cair a TAP, mas não está disposto a dar 1.200 milhões sem que passe a controlar a gestão da empresa.

 O ministro das Infraestruturas disse hoje que se os privados não aceitarem as condições do Estado para o empréstimo, a TAP terá de ser nacionalizada.

“Se o privado não aceitar as condições do Estado português, nós teremos de intervencionar a empresa, nacionalizar a empresa, sim, ou quer que nós deixemos a empresa cair?”, respondeu o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, perante os deputados da comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, na Assembleia da República.

A proposta do Estado com as condições para um empréstimo de até 1.200 milhões de euros à TAP foi chumbada na segunda-feira, 29 de junho, pelo Conselho de Administração.

O governo vai, ainda, submeter a proposta de contrato para o empréstimo ao sócio privado, a Atlantic Gateway, dos empresários David Neeleman e Humberto Pedrosa, cujos representantes se abstiveram na votação no Conselho de Administração.

Nessa reunião do Conselho de Administração, órgão liderado por Miguel Frasquilho, a proposta do Estado teve os votos a favor dos administradores do Estado e as abstenções do privado, o que resultou no seu chumbo. Para ser aprovada, a proposta teria de ter maioria qualificada no Conselho de Administração, composto por 12 elementos – seis do Estado e seis do privado.

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