A estátua do cónego

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Nos idos de 75, durante o PREC, o cónego Melo teve um papel destacado na propaganda anticomunista…  o padre foi mesmo acusado de pertencer ao ELP  e ao MDLP, organizações de extrema-direita que se envolveram numa rede bombista terrorista  que executou vários atentados…

O cónego foi, portanto, uma figura controversa e a estátua que lhe ergueram em Braga resultou de uma iniciativa privada… (terá sido provocação?). Bom, não foi iniciativa do Estado, nem do governo nem da autarquia, foi iniciativa de um grupo de cidadãos que obtiveram permissão para colocar ali a estátua por uma maioria de deputados municipais, curiosamente do Partido Socialista…

A falta de consenso revelou-se ao longo dos tempos, esta não é a primeira vez que a estátua já foi alvo de pichagens, já houve até manifestações de bracarenses a pedir que tirassem dali aquele monte de pedra…

Isto é, esta estátua é o exemplo acabado de um ornamento plantado na via pública que desagrada a muita gente. A bem da paz e da concórdia devia ser retirada… não faz nenhum sentido ter uma estátua de um padre politizado e que passava mais tempo em negócios privados que na missa…

Não se trata de uma obra artística notável, nada disso… é uma escultura sim, mas banal, não tem nenhum valor artístico especial, e não se trata de uma personalidade consensual… quem visitar Braga e passar pelo local onde a estátua está ficará com a percepção de que a cidade homenageia um padre que admitia matar outros seres humanos… enfim, uma coisa desagradável e sem nenhum justificação.

Ou seja, os adoradores do cónego podiam levar a estátua para um quintal privado e ainda faziam negócio cobrando entrada para os que lá quisessem ir em romaria… dou esta ideia de borla, aproveitem-na…

As ligações deste cónego Melo a atividades terroristas resultaram na suspeita de ser o mandante do atentado bombista que em 1976 matou um outro padre, mas de esquerda… o padre Max que estava ligado à UDP – União Democrática Popular, que mais tarde se juntou a outros partidos no Bloco de Esquerda.

A verdade é que as suspeitas nunca foram provadas e os assassinatos do padre Max e de uma outra pessoa que estava com ele quando a bomba rebentou, nunca foram castigados… as falhas da justiça portuguesa não são de agora.

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