A bola é redonda, o coronavírus também

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Eu gosto de ver na televisão um bom jogo de futebol, independentemente das equipas que estão no campo.

Gosto de ver na televisão e em sinal aberto, não alimento circos nem negócios pouco transparentes…

Mas o anúncio feito com pompa de Estado sobre a escolha de Lisboa para receber 8 equipas europeias que disputam a champions league não me fez saltar de alegria…

Não conto gastar um tostão que seja para ver algum desses jogos e espero não ter de passar perto de nenhum dos estádios da segunda circular de Lisboa durante os dias dos jogos. Se algum desses jogos der em sinal aberto na televisão, irei ver e se o jogo for bom ficarei a ver, evidentemente…

O que eu espero é que as equipas e os adeptos que as seguem não venham complicar ainda mais a contenção da pandemia de covid-19 que nos afeta.

É isso que eu espero… mas dizendo isto, também digo que não acredito em milagres e tenho quase a certeza que depois de haver um clube campeão europeu de futebol, Lisboa vai precisar de uma grande desinfeção e o governo vai precisar de bons argumentos para justificar o risco que representa aceitar um compromisso desse género.

O risco será exponencial se os jogos forem abertos ao público… dezenas de milhar de adeptos a desembarcar em Lisboa, vindos da Alemanha, Inglaterra, Espanha, Itália e França… (creio que são destes países as oito equipas que vão jogar…) .

Dizem-nos que haver público nos estádios depende da situação pandémica em que estivermos na altura… mas na verdade a decisão não pode ser tomada na véspera, há bilhetes para serem vendidos, reservas de voo e de hotel, há muito dinheiro envolvido e com toda a certeza que não se poderá esperar pela véspera para se decidir se há público nos estádios…

Além do mais, a pandemia não evolui da mesma maneira em todo o lado… e não creio que seja possível dizer a adeptos alemães que não podem vir ver o Bayer de Munique jogar, quando se autorizam os espanhóis e os ingleses, por exemplo…

Aceitar que estes jogos se disputem em Lisboa é um risco, por tudo o que já disse e não tenho a pretensão de ter esgotado todos os argumentos contra… não creio que meia duzia de jogos de futebol, ou uma dúzia de hóteis cheios, ou umas centenas de restaurantes e bares a vender bifanas e cerveja sejam argumentos suficientes para se por uma cidade inteira em risco… e será possível fazer uma cerca sanitária a Lisboa?

Se fosse na China, diria que sim… aqui, não sei.

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